João do Rio (1881-1921)

domingo, 27 de novembro de 2022

 



Paulo Barreto (João Paulo Emílio Cristóvão dos Santos Coelho Barreto; pseudônimo literário: João do Rio), jornalista, cronista, contista e teatrólogo, nasceu no Rio de Janeiro, RJ, em 5 de agosto de 1881, e faleceu na mesma cidade em 23 de junho de 1921.

Era filho de educador Alfredo Coelho Barreto e de D. Florência Cristóvão dos Santos Barreto. Adepto do Positivismo, o pai fez batizar o filho na igreja positivista, esperando que o pequeno Paulo viesse a seguir os passos de Teixeira Mendes. Mas Paulo Barreto jamais levaria a sério a igreja comtista, nem qualquer outra, a não ser como tema de reportagem. Fez os estudos elementares e de humanidades com o pai. Aos 16 anos, ingressou na imprensa, notabilizando-se como o primeiro jornalista brasileiro a ter o senso da reportagem moderna.

Em 1899 iniciou sua carreira colaborando com o jornal O Tribunal. Entre 1900 e 1903 escreveu para os jornais O Paiz, O Dia, O Tagarela e o Correio Mercantil, usando diversos pseudônimos. Em 1903 ingressou na Gazeta de Notícias, e no dia 26 de novembro escreve o artigo “O Brasil Lê”, uma enquete sobre as preferências literárias do leitor carioca. Pela primeira vez assina “João do Rio”, pseudônimo com o qual entrou para a posteridade, numa época em que a cidade assumiu o título de “Cidade Maravilhosa”.

Nos diversos jornais em que trabalhou, granjeou enorme popularidade, sagrando-se como o maior jornalista de seu tempo. Usou vários pseudônimos, além de João do Rio, destacando-se: Claude, Caran d’Ache, Joe, José Antônio José. Como homem de letras, deixou obras de valor, sobretudo como cronista. Como teatrólogo, teve grande êxito a sua peça “A bela madame Vargas”, representada pela primeira vez em 22 de outubro de 1912, no Teatro Municipal.

Em 1904, estreia na literatura com o livro “As Religiões do Rio”, onde reúne uma série de reportagens de cunho investigativo, que foram escritas na Gazeta de Notícias, sobre a diversidade religiosa do Rio de Janeiro. Em 1905 torna-se conferencista. Nesse mesmo ano, candidata-se para a ABL, mas perde para Heráclito Graça.

No dia 29 de dezembro de 1906 estreia sua primeira peça teatral, a revista “Chic-Chic”, escrita em parceria com o jornalista J. Brito. Em 1907, sua peça “Clotilde” é apresentada no teatro, Recreio Dramático. Candidata-se pela segunda vez na ABL, mas é derrotado para o Barão de Jaceguai. Em novembro desse mesmo na, profere a conferência “A Rua”. Em 1908 publica “Momento Literário”, uma excelente fonte de informações sobre o movimento literário do final do século XIX no Brasil. Nesse mesmo ano, publica “A Alma Encantadora das Ruas”, onde reúne reportagens e crônicas publicadas entre 1904 e 1907 no jornal Gazeta de Notícias e na revista Kosmos. O autor relata fatos que marcam a desigualdade e indiferença social, misturadas em diversos tipos humanos que circulavam pelas ruas do Rio de Janeiro no início do século XX.

Ao falecer, era diretor do diário A Pátria, dedicado aos interesses da colônia portuguesa, que fundara em 1920. Segundo ocupante da cadeira 26 da Academia Brasileira de Letras, foi eleito em 7 de maio de 1910, na sucessão de Guimarães Passos, e recebido pelo acadêmico Coelho Neto em 12 de agosto de 1910.

João do Rio foi o criador da crônica social moderna. Dentre suas principais obras, destacam-se:

As Religiões no Rio”. Paris: Garnier, 1904; “O Momento Literário”. Paris: Garnier, 1905; “A Alma Encantadora das Ruas”. Paris: Garnier, 1908; “Era uma vez...” (em co-autoria com Viriato Correia). Rio de Janeiro: Francisco Alves, 1909; “Cinematographo: crônicas cariocas”. Porto: Lello & Irmão, 1909; “Fados, canções e danças de Portugal”. Paris: Garnier, 1910; “Dentro da noite”. Paris: Garnier, 1910; “A profissão de Jacques Pedreira”. Paris: Garnier, 1911; “Psicologia urbana: O amor carioca; O figurino; O flirt; A delícia de mentir; Discurso de recepção”. Paris: Garnier, 1911; “Vida vertiginosa”. Paris: Garnier, 1911; “Portugal d'agora”. Paris: Garnier, 1911; “Os dias passam....” Porto: Lello & Irmão, 1912; “A Bela Madame Vargas”. Rio de Janeiro: Briguiet, 1912; “Eva”. Rio de Janeiro: Villas Boas, 1915.

 

 

Frases de João do Rio:

 

“Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria revelado por mim se não julgasse, e razões não tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e assim exagerado é partilhado por todos vós. Nós somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas cidades, nas aldeias, nos povoados, não porque soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a polícia, mas porque nos une, nivela e agremia o amor da rua.”;

“Se a rua é para o homem urbano o que a estrada foi para o homem social, é claro que a preocupação maior, a associada a todas as outras ideias do ser das cidades, é a rua. Nós pensamos sempre na rua. Desde os mais tenros anos ela resume para o homem todos os ideais, os mais confusos, os mais antagônicos, os mais estranhos, desde a noção de liberdade e de difamação - ideias gerais - até a aspiração de dinheiro, de alegria e de amor, ideias particulares.”;

“Hoje, nós somos escravos das horas, dessas senhoras inexoráveis que não cedem nunca, e cortam o dia da gente numa triste migalharia de minutos e segundos. Cada hora é para nós distinta, pessoal, característica, porque cada hora representa para nós o acúmulo de várias coisas que nós temos pressa de acabar.”;

“O Automóvel fez-nos ter uma apudorada pena do passado. Agora é correr para a frente. Morre-se depressa para ser esquecido d’ali a momentos; come-se rapidamente sem pensar no que se come; arranja-se a vida depressa, escreve-se, ama-se, goza-se como um raio; pensa-se sem pensar, no amanhã que se pode alcançar agora.”;

“E só no quarto humilde é que pôde chorar, chorar longamente não ter sabido guardar integralmente o princípio da vida - a ilusão...”;

“É vagabundagem? Talvez. Flanar é a distinção de perambular com inteligência.”.

 

 

(Fontes: Academia Brasileira de Letras; eBiografia – Dilva Frazão; Portal Crônica Brasileira – João Carlos Rodrigues; Wikipedia; Biblioteca Virtual Miguel de Cervantes; Homo Literatus; Site jornal O Estado de São Paulo)


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